sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Emagrecer te estressa?


Papai Noel: Me traga um corpo perfeito, por favor?!!??


Imaginem a cena: um natal onde todos se reúnem a mesa e a centenária chefe da família, depois de comer seu chocotone e seu pernil conta que há 72 anos mantém seu peso. Ela se casou, fez mestrado, doutorado, teve 3 filhos a as variações de peso ocorreram apenas na gravidez. Sofreu, chorou, sorriu, ganhou dinheiro, perdeu , passou por carnavais, festas de aniversário entre tantas outras comemorações e sempre se manteve magra...

Sua neta, que comeu alface por toda noite a pergunta: e como foram os 28 anos antes vovó?

Antes eu achava que a comida é que mandava em mim, minha neta, sentia-me feia, gorda e sem valor. Nunca deixei de sair de casa, mas sempre chorava ao experimentar as roupas. Quando ficava triste, comia muito para me sentir recompensada, quando comemorava algo comia também, e assim era quando alguém nascia ou morria...

Quando nenhuma das minhas roupas cabiam em mim, eu decidia que algo tinha de ser feito: daí ficava comendo só verduras com frango grelhado, ou barras de cereal, ou sopas de legumes com pós milagrosos e claro, me inscrevia em uma academia. Só me inscrevia é claro, porque freqüentar que é bom, só um dia ou outro, afinal que graça tinha exercício físico? Mais um castigo, somente!

Todas as mulheres da casa haviam se reconhecido em um ou dois pontos do que a senhora dizia e se interessaram muito pelo final da história.

- Que mágica ocorreu aos 28 anos, mãe?

O problema era exatamente esse minha filha: eu gastava muito tempo da minha vida procurando uma mágica ou um milagre... pesquisava sobre remédios maravilhosos, que faziam perder a tal “fome incontrolável”, fazia perder a barriga, perder a vontade de comer doces...E quando achava esses remédios achava também seus efeitos colaterais; boca seca, tonturas, dores musculares... tinha um deles que dizia na bula, nunca me esqueci disso: “podem ocorrer pensamentos anormais”. Penso até hoje, como as pessoas não percebiam que o primeiro pensamento anormal que tiveram foi quando decidiram tomar aquele remédio??? E o pior de tudo: meses depois ganhava todos os quilos em dobro.

Certa vez, quando tomava um desses remédios resolvi correr. Meu coração ficou batendo 110/min durante 24h. Essa foi a minha gota d’água. Depois disso, percebi que a solução estava mais perto do que eu pensava: dentro de mim. Resolvi me conhecer melhor. Resolvi pedir ajuda aos outros, reconhecendo que tinha um problema. Resolvi que a vida é feita de escolhas e eu tinha que fazer as mais inteligentes. Descobri que emagrecer e principalmente manter o peso é muito fácil. Basta apenas olhar para dentro de si mesma e decidir quais comidas vale a pena gastar calorias, já que não podemos consumir todas de uma vez. Não há nada pior que a privação. É verdade que podemos comer de tudo e ser magro. O que não é possível é comer esse “tudo” ao mesmo tempo. Proibir-se de algo é extremamente frustrante. Beber 6 copos de água por dia e muito mais legumes e verduras nas refeições são ações fundamentais. Ao invés de pesquisar sobre milagres, passei a pesquisar sobre as propriedades dos alimentos (sem dúvida, uma nutricionista seria muito mais rápido e eficiente) Olha, vocês iam se surpreender, com certas coisas incríveis e deliciosas que não engordam, assim como uma simples sardinha frita empanada é mortal pra qualquer dieta, principalmente porque ela sempre vem acompanhada de um cardume, quentinho com limão e tudo...E com o tempo, observando as mudanças boas que acontece com o corpo, a gente vai percebendo que tem certos alimentos que não valem mesmo a pena comer e os abandonamos! Simples assim. Depois de muito aprendizado, passamos a recusar coisas que simplesmente não valem a pena. Eu aviso logo: muitos olhavam pra mim, sentindo pena, me achando louca, mas eram pessoas que só viam o final do processo, só viam eu recusando comida, achando erradamente que havia algum sofrimento nisso. Não viam todo o processo de aprendizado, apenas o resultado e ainda interpretavam errado. Lógico que não dava pra levar todo mundo pra churrascaria comigo e mostrar todo o amor que tenho por picanha, porque, sem dúvida, qualquer um que me visse feliz em um rodízio de carnes, iria esquecer completamente essa idéia de que há sofrimento no meu emagrecer.

E os exercícios físicos? Que dilema!!! Estes que sempre foram como castigo, se transformaram em metas a se bater. E na verdade, tudo na vida segue este molde: se não há metas a se bater, por que viver? Fazer por fazer, qualquer coisa, não tem graça nenhuma...

E o neto mais velho perguntou: Só isso?

Claro que não! O principal ainda não disse: para se emagrecer (e manter) é imprescindível, quebrar paradigmas. É incrível como criamos regras e padrões para nós mesmos e que passam despercebidos. Lógico que os paradigmas são fundamentais para o bom funcionamento do ser humano, mas tem uns que só atrapalham. Por exemplo, quantas pessoas falam que quando chove não faz exercício? “Quando bebe, tem que fumar”; “preciso comer quilos de tal comida, do contrário, não me satisfaço” “quando vai a um rodízio, tem que comer até se empanturrar” e quando come até se empanturrar pensam logo: “engordei horrores, agora não tem mais jeito”. Existem crenças profundas sobre não conseguir gostar de legumes, não conseguir beber água e não realizar exercícios. É só procurar e principalmente experimentar, que encontrará alguma receita no mundo com legumes e verduras que seja gostosa, alguma forma de lembrar-se de beber água e transformar isso em um hábito e também, por que não? Alguma forma prazerosa de gastar energia sem sofrimento.

E foi assim, que deixei de ser triste e gorda e passei a acreditar que existem soluções fáceis e agradáveis para ser magra e feliz, acreditando que quem estava no controle era eu.Afinal, pra que emagrecer tudo de repente e ganhar tudo de novo. Foi muito mais prazeroso e realizador emagrecer gradualmente e pra sempre!

Quando olhou em sua volta encontrou pessoas maravilhadas com a história e com muito otimismo de que no próximo ano seria tudo diferente. E é claro, que também havia aqueles que expressaram aquele riso irônico e descrente de quem havia perdido tempo ouvindo histórias loucas de uma velhinha gagá. Histórias de tempos muito antigos que nada tinham a ver com o dia-a-dia apressado e frenético daqueles ali, tão jovens e estressados. Até quando era da idade deles, ela encontrou pessoas assim, que por muitas vezes atrapalharam sua caminhada, mas a sábia senhora já estava pra lá de acostumada a ver aquela descrença, de quem prefere insistir nos milagres, aproveitou o Natal e torceu junto com eles para Papai Noel trazer o corpo perfeito que tanto desejavam.